Resenha do filme: Like Sunday, Like Rain / Um Domingo de Chuva

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O filme apresenta uma mudança em relação ao discurso unilateral, desgastado pelo uso e pouco atrativo do cinema massificado estadunidense. A razão é óbvia: a película é autoral e independente.

A história é sobre um garoto prodígio e milionário de doze anos. Ele possui aquela típica família de filmes que abordam essa temática, como um pai falecido e uma mãe rica mais preocupada com outras coisas do que com seu próprio filho. O garoto é solitário e não tem amigos. Todavia, o roteirista Frank Whaley soube usar o clichê a seu favor.

Whaley, que também fez um trabalho primoroso como diretor nesse mesmo filme, acrescentou em seu personagem boas idiossincrasias. O menino tem um talento natural para a música erudita, que muito lembra a história de Mozart. Além disso, ao possuir um humor genuíno e inteligente, complexos com comida, gostos refinados e uma boa bagagem de história da Arte, o protagonista ganha humanidade. A partir de então, surgem identificações do público com o personagem, mesmo que sejam em pequenas coisas.

Ao encontro do personagem principal vai uma babá. Ela representa o outro lado da moeda, mas nem por isso que seja seu total oposto. Uma jovem com problemas familiares, que não teve muitas oportunidades na vida, que traz um pouco da mímeses da vida norte-americana, com um irmão que foi mandado pelo exército para o Afeganistão, etc.

A partir disso a obra se desenvolve. Os personagens secundários têm pouca ou nenhuma importância. As cenas são boas, só algumas que são bizarras. Como exemplo o namorado medíocre que faz a futura babá perder emprego. Evidencia, todavia, nessas passagens, o abuso, um certo machismo arraigado e a falta de bom senso e empatia dele.

A trilha-sonora é agradável. Entretanto, ela alcança índices de aprovação muito melhores quando apresenta composições com contrabaixo erudito e violino.

A direção é graciosa e os ângulos e enquadramentos de câmera – apesar de alguns bem usuais – apresentam um primoroso rigor estético.

A fotografia é refinada.

A atuação de Julian Shatkin surpreende. Ele é uma criança desenvolta e que não soa forçado em momento algum. Possui maestria e dá sinais de que será um grande ator. Já Leighton Meester, apesar de ser talentosa, no começo está inexpressiva. No entanto, sua atuação melhora com o desenrolar da trama.

“Like Sunday, Like Rain” é, em síntese, um bom filme. É delicado e sensível, tem um desenrolar adequado e está bem acima da média de seus conterrâneos norte-americanos. Não é uma obra-prima e nem mesmo genial. Contudo, cumpre sua função, diverte, emociona, entretém e faz pensar em vários assuntos que nos rodeiam diariamente.

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